Guiana estuda instalar bases militares com apoio estrangeiro em área reivindicada pela Venezuela

Guiana estuda instalar bases militares com apoio estrangeiro em área reivindicada pela Venezuela
Rio Essequibo, zona de disputa há décadas entre Guiana e Venezuela – Foto: Wikimedia Commons

A Guiana levantou, na quinta-feira (23), a possibilidade de estabelecer “bases militares” com apoio estrangeiro em Essequibo, território rico em petróleo e recursos naturais sobre o qual mantém uma controvérsia de longa data com a Venezuela, e anunciou a visita de funcionários do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

“Nunca estivemos interessados em bases militares, mas temos de proteger o nosso interesse nacional”, disse o vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, numa coletiva de imprensa.

“Temos interesse em manter a paz no nosso país e nas nossas fronteiras, mas temos trabalhado com os nossos aliados para garantir um plano para todas as eventualidades”, acrescentou.

“Teremos duas equipes do Departamento de Defesa dos EUA visitando na próxima semana e depois várias visitas em dezembro e representação de alto nível. Todas as opções disponíveis serão aproveitadas.”

O vice-presidente, porém, disse que o governo da Guiana espera que a disputa com a vizinha Venezuela possa ser resolvida na Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição Caracas desconhece no caso Essequibo. Ambos os países têm uma longa disputa por esse território de 160 mil km2, embora na prática seja administrado por Georgetown.

A Guiana recorre a uma sentença arbitral de 1899 em que foram estabelecidas as atuais fronteiras, enquanto a Venezuela reivindica o Acordo de Genebra, assinado em 1966 com o Reino Unido antes da independência da Guiana, que anulou a sentença e estabeleceu bases para uma solução negociada.

A luta intensificou-se com a descoberta de campos petrolíferos na região e as negociações da Guiana com a gigante energética americana ExxonMobil para a sua exploração.

O governo da Venezuela está promovendo um referendo consultivo para o próximo 3 de dezembro, no qual perguntará aos seus cidadãos se apoiam a concessão de nacionalidade aos 125 mil habitantes da região disputada e a criação de uma nova província venezuelana chamada “Guayana Esequiba”.

A Guiana rejeitou a consulta, que foi descrita pelo seu presidente, Irfaan Ali, como “uma ameaça à paz na América Latina e nas Caraíbas”.

‘Não é uma guerra armada, por enquanto’

Nesta sexta-feira (24), o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, disse que a disputa com a Guiana pelos quase 160 mil quilômetros quadrados localizados a oeste do rio Essequibo, sobre os quais será realizado um referendo em 3 de dezembro, “não é uma guerra armada, por enquanto”.

“Saiam para votar [no referendo]. Esta não é uma guerra armada, por enquanto, não é uma guerra armada”, destacou o ministro, que garantiu que os membros da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) estarão “permanentemente vigilantes” sobre “qualquer ação que ameace a integridade territorial”.

López alertou o presidente da Guiana, Irfaan Ali, que “apelar ao Comando Sul [dos Estados Unidos] para estabelecer uma base de operações” no território disputado não “resolverá esta questão”, mas sim um diálogo para chegar a “um acordo mutuamente satisfatório para ambas as partes”, como estabelece o Acordo de Genebra de 1966.

Na quarta-feira (22), o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, esteve em Caracas com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para falar do conflito dos venezuelanos com a Guiana.

O governo brasileiro vê com apreensão o risco de uma guerra “no quintal do Brasil” e a instabilidade que um conflito armado pode causar ao continente.

Com informações de O Globo

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Por Redação

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