Conselho de Segurança da ONU se reúne nesta sexta para discutir conflito entre Venezuela e Guiana

Conselho de Segurança da ONU se reúne nesta sexta para discutir conflito entre Venezuela e Guiana
Chanceler da Guiana solicitou ao conselho ‘reunião urgente’ para abordar conflito em Essequibo-Eduardo Munoz/EFE/EPA

O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) deve se reunir nesta sexta-feira (7), as 17h (horário de Brasília), a portas fechadas para abordar o conflito territorial entre Venezuela e Guiana, segundo a agenda oficial, a pedido do governo guianense.

Em carta à qual a reportagem teve acesso, o chanceler Hugh Hilton Todd solicita ao Conselho de Segurança “uma reunião urgente” para abordar o conflito em Essequibo, uma região rica em petróleo sob administração guianense, mas reivindicada pela Venezuela.

Na carta, o ministro guianense relata “as ações empreendidas” pela Venezuela “para anexar formalmente e incorporar ao território venezuelano a região que constitui mais de dois terços do território soberano da Guiana” do país.

As ações adotadas pela Venezuela “não farão mais do que agravar ainda mais a situação. Sua conduta constitui claramente uma ameaça direta para a paz e a segurança da Guiana, e mais amplamente ameaça à paz e à segurança de toda a região”, conclui o chanceler em sua carta ao Conselho de Segurança.

As tensões estão altas desde que o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que faria um plebiscito para a anexação da região de Essequibo, que pertence ao país vizinho.

No domingo (3), os venezuelanos aprovaram a anexação do território de quase 160 mil quilômetros quadrados com 95% dos votos, apesar do baixo quórum no dia da votação. Segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, 10,5 milhões de pessoas compareceram, de uma população eleitoral de 20,7 milhões.

Apesar de especialistas entrevistados apontarem que a medida era meramente simbólica, Maduro seguiu com os procedimentos legais para dar um verniz oficial a sua posição. Na terça-feira (5), o ditador enviou um projeto de lei para a Assembleia Nacional para aprovar uma lei que cria o Estado de Guiana Essequiba.

Maduro também nomeou um interventor e ordenou à estatal PDVSA que distribua licenças para exploração de petróleo na região do Essequibo, que corresponde a 70% da Guiana.

“A Guiana deve saber que resolveremos isso da maneira mais fácil ou resolveremos…”, disse Maduro, sem concluir a frase.

Além disso, o ditador montará um posto militar avançado na pequena cidade de Tumeremo, dentro do território da Venezuela, perto da fronteira com a Guiana, para supervisionar o novo Estado – embora ele não tenha anunciado nenhuma incursão.

Ele designou o general Alexis Rodríguez Cabello como autoridade única do território de 160 mil quilômetros quadrados. O projeto foi aprovado pela Assembleia Nacional na quarta-feira (6).

Resposta

Além de ter enviado uma carta ao Conselho de Segurança da ONU, a Guiana também já havia mandado ofícios antes do plebiscito venezuelano para a Corte Internacional de Justiça (CIJ), com sede em Haia, na Holanda. O tribunal determinou no dia 2 de dezembro que a Venezuela deve evitar qualquer iniciativa que comprometa o status quo com a Guiana.

O tribunal não fez qualquer referência explícita ao plebiscito, mas apontou que Caracas deve “se abster de qualquer ação que modifique a situação atualmente em vigor no território em disputa”.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, apontou que tem buscado os aliados para assegurar a defesa da região no “pior cenário possível”, referindo-se a um conflito armado entre ambos países. Nesta quinta-feira (7), as Forças Militares dos EUA conduziram exercícios de rotina com as Forças de Defesa da Guiana (GDF, na sigla em inglês) na região de Essequibo. A embaixada americana em Georgetown apontou que os exercícios são “operações de rotina”, mas analistas sinalizaram uma demonstração de alinhamento dos EUA com a Guiana.

A aliança com os EUA é vista pela Venezuela como sinal verde da Guiana para a presença militar americana na região. Nos dias 27 e 28 de novembro, vésperas do plebiscito da Venezuela, os militares americanos e guianenses se reuniram para “discutir os próximos compromissos para incluir sessões de planejamento estratégico e processos para melhorar a prontidão militar e as capacidades de ambos os países para responder a ameaças à segurança”, de acordo com nota da embaixada americana no país.

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, rejeitou nesta quinta-feira os exercícios militares conjuntos entre os Estados Unidos e a Guiana, anunciados pelo Comando Sul do Exército americano.

Essa infeliz provocação dos Estados Unidos em favor dos pretorianos da ExxonMobil na Guiana é mais um passo na direção errada. Alertamos que eles não nos desviarão de nossas ações futuras para a recuperação do Essequibo…Não se enganem, Viva Venezuela!”, escreveu Padrino na rede social X.

Com informações do Estadão

https://oanalitico.com.br/destaques/2023/12/08/oea-diz-que-referendo-venezuelano-e-ilegal-e-ilegitimo/

https://oanalitico.com.br/destaques/2023/12/07/lula-quer-mediar-crise-entre-guiana-e-venezuela-para-evitar-presenca-dos-eua-na-regiao/

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Por Redação

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