Garimpeiro usa ‘jangada’ de isopor para deixar Terra Yanomami pelo rio Uraricoera; veja vídeo

Garimpeiro usa ‘jangada’ de isopor para deixar Terra Yanomami pelo rio Uraricoera; veja vídeo
Garimpeiro foi filmado enquanto navegava pelo Uraricoera numa jangada improvisada – Foto: Reprodução

Um vídeo feito no rio Uraricoera, rota para a Terra Yanomami, mostra um garimpeiro em cima de uma jangada improvisada com isopor. O homem, aparentemente idoso, conversa com um venezuelano, que está em uma canoa com outras pessoas.

“Ei, senhor, o que tem para vender aí?, pergunta o rapaz.

“Aqui tem café, tem melante [óleo]. Não quer melar?”, brinca o garimpeiro.

Desde janeiro deste ano, os invasores começaram a deixar a Terra Yanomami depois do anúncio de retirada dos garimpeiros da região feito pelo governo federal para impedir a exploração no território indígena. As fugas ocorrem de diversas maneiras: a pé, de barco improvisado e aeronaves. Embora o espaço aéreo esteja fechado, muitos pilotos voam baixo para escapar do radar da Força Aérea Brasileira (FAB).

Antes das ações da União, eram 20 mil garimpeiros dentro da maior reserva indígena do Brasil. Nos últimos quatro anos, o garimpo ilegal cresceu mais de 300% e é apontado como uma das principais causas da crise humanitária vivida pelos povos originários do local. Segundo o Ibama, cerca de 90% dos invasores já deixaram a Terra Yanomami.

Em áudio publicado em um grupo de garimpeiros de Roraima numa rede social, um homem disse que encontrou o idoso e o rapaz venezuelano, que gravou todo o trajeto no rio. “Eles estão bem, estão de boa”, avisa.

Garimpo ilegal

O território Yanomami foi impactado pelo desmatamento, mineração ilegal e contaminação de mercúrio, que atinge não somente os rios da região, mas também o solo e os animais, interferindo diretamente na alimentação indígena, que é composta principalmente da pesca, caça, coleta de frutos e raízes, e agricultura.

A situação se agravou nos últimos quatro anos em razão do aumento do garimpo ilegal nos rios que cruza o território indígena. Ações do governo federal, entre 2019 e 2022, acabaram por fragilizar o atendimento de saúde no território, bem como facilitaram a entrada de garimpeiros na região, devido a uma política aberta de estímulo à atividade criminosa. Com isso, a população tem sofrido uma grave insegurança alimentar e desassistência de saúde, aliadas à violência dos garimpeiros fortemente armados, cujas vítimas são, em especial, mulheres e crianças. As denúncias envolvem assassinatos, agressões e estupros.

Dados recentes mostram indicadores de mortalidade infantil desfavoráveis em relação à população não indígena, que, além de desnutrição, apresentam casos de infecção respiratória aguda, diarreia, malária e tungíase.

Veja o vídeo:

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Por Redação

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