Estudo revela que Roraima tem o maior índice de peixes contaminados por mercúrio entre seis estados analisados
Um estudo inédito revelou um número alto de peixes consumidos na Amazônia brasileira contaminados por mercúrio, que é quando a concentração da substância é acima do permitido. Segundo o levantamento, divulgado pela Rede Amazônica nesta terça-feira (30), dos seis estados analisados, Roraima tem o maior índice de peixes com indícios de metais pesados.
A região na fronteira com a Venezuela vive crise humanitária dos indígenas Yanomami, além de um processo de retirada de milhares de garimpeiros.
Duas cidades do estado do Amazonas também se destacaram por apresentar 50% de peixes contaminados: Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, municípios com grande quantidade de indígenas.
Os garimpos ilegais usam mercúrio em excesso para separar o ouro. Essa substância causa problemas neurológicos no ser humano, principalmente em crianças e grávidas.
Pesquisa
O estudo foi realizado entre março de 2021 e setembro de 2022, quando foram analisadas amostras de 1.010 peixes de 17 municípios.
A pesquisa foi uma parceria entre a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Greenpeace, Iepé, Instituto Socioambiental (ISA) e WWF-Brasil.
Saúde em risco
Em 2022 foi divulgada uma análise de avaliação de risco à saúde, baseada em metodologia proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que coletou amostras de pescado entre 27 de fevereiro e 6 de março de 2021 e revelou índices altos de contaminação em trechos do rio Branco na cidade de Boa Vista (25,5%), Baixo Rio Branco (45%), rio Mucajaí (53%) e rio Uraricoera (57%).
“As altas taxas de contaminação observadas, provavelmente, são decorrentes dos inúmeros garimpos ilegais de ouro instalados nas calhas dos rios Mucajaí e Uraricoera”, afirmaram os pesquisadores à época.
Segundo o estudo, 45% do mercúrio usado em garimpos ilegais para extração de ouro é despejado em rios e igarapés da Amazônia, sem qualquer tratamento ou cuidado. O mercúrio liberado de forma indiscriminada no meio ambiente pode permanecer por até cem anos em diferentes compartimentos ambientais e pode provocar diversas doenças em pessoas e em animais.
Nas crianças, os problemas podem começar na gravidez. Se os níveis de contaminação forem muito elevados, pode haver abortamentos ou o diagnóstico de paralisia cerebral, deformidades e malformação congênita. Os menores também podem desenvolver limitações na fala e na mobilidade. Na maioria das vezes, as lesões são irreversíveis, provocando impactos na vida adulta.
Veja o percentual de peixes contaminados em cada estado pesquisado:
Roraima — 40%
Acre — 35,9%
Rondônia — 26,1%
Amazonas — 22,5%
Pará — 15,8%
Amapá — 11,4%
https://oanalitico.com.br/destaques/2022/08/22/garimpo-ilegal-contamina-peixes-de-rios-de-roraima-revela-estudo/
https://oanalitico.com.br/policia/2023/05/23/cipa-intensifica-fiscalizacao-em-roraima-durante-piracema-multas-podem-chegar-a-r-100-mil/