Partido entra com ação no Supremo contra proibição de atividades religiosas de não indígenas na Terra Yanomami

Partido entra com ação no Supremo contra proibição de atividades religiosas de não indígenas na Terra Yanomami
Norma impede exercício de atividades religiosas junto aos povos indígenas e uso de roupas com imagens ou expressões religiosas – Foto TV Brasil/Divulgação

O partido Podemos ajuizou uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para solicitar a suspensão da norma que impede o acesso de religiosos à Terra Indígena Yanomami.

Em ação direta de inconstitucionalidade, protocolada no fim de maio, a legenda questiona a Portaria Conjunta 1/2023 da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), editada em fevereiro. A ADI, com pedido de liminar, foi distribuída ao ministro Dias Toffoli.

Ao estabelecer procedimentos de acesso à terra Yanomami, a norma proibiu, entre outros pontos, o proselitismo religioso (tentativa de conquistar fiéis), impedindo o exercício de atividades religiosas junto aos povos indígenas e o uso de roupas com imagens ou expressões religiosas.

Para o partido, a portaria desrespeita direitos constitucionais relacionados às liberdades religiosa e de manifestação, além de ferir a laicidade estatal.

O Podemos cita entendimento já confirmado pelo STF na ADI 2.566, que trata de rádios comunitárias, sobre a liberdade de expressão religiosa e o direito de tentar convencer pessoas, por meio do ensinamento, a mudar de religião, ou seja, o proselitismo religioso.

A presença de não indígenas no local se transformou em um problema. O garimpo é uma das consequências históricas na região, mas recentemente foi um dos principais fatores que levaram a uma crise humanitária sem precedentes no Território Indígena Yanomami.

Nos últimos quatro anos, cerca de 570 crianças morreram vítimas de doenças levadas por esses mineradores ilegais, segundo o governo federal. Outro efeito colateral é a destruição do bioma, com a poluição dos rios por mercúrio e a fuga de animais que servem como caça. O presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, chamou a crise indígena de “farsa da esquerda”.

No início do ano, o Ministério da Saúde declarou emergência em saúde pública de importância nacional diante da necessidade de combate à desassistência sanitária dos povos que vivem no território. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, foram a Roraima acompanhar a situação,

A ação do governo federal resultou na retirada dos garimpeiros e, no início de maio, esse processo levou ao aumento da tensão e da violência na região. Em apenas uma semana, 13 pessoas foram mortas em emboscadas e embates com a Polícia Federal.

*Com informações do STF

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Por Redação

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