Governadores pedem tratamento diferenciado na reforma tributária; consenso durante audiência pública em Roraima é para manutenção de ALCs

Governadores pedem tratamento diferenciado na reforma tributária; consenso durante audiência pública em Roraima é para manutenção de ALCs
Durante audiência pública na ALE-RR, foi consenso entre participantes que seja apresentada emenda para que Estado continue desfrutando das Áreas de Livre Comércio Foto: Jader Souza/SupCom/ALERR

O relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), ouviu nesta terça-feira (13) de governadores do Norte e do Centro-Oeste reivindicações no sentido de diferenciar o tratamento destas regiões na reforma. Todas as solicitações se baseiam na ideia de atenuar desequilíbrios de desenvolvimento em relação às regiões Sul e Sudeste.

Em Roraima, durante audiência pública na Assembleia Legislativa (ALE-RR) ocorrida na segunda-feira (12), foi consenso entre os participantes que seja apresentada uma emenda para que o Estado continue desfrutando das Áreas de Livre Comércio (ALCs) da mesma forma que a Zona Franca de Manaus (ZFM).

O auditor fiscal da Receita estadual, Kardec Jackson dos Santos, assessor especial da Secretaria da Fazenda de Roraima para assuntos de reforma tributária, mostrou à luz da legislação vários pontos que, se não forem resolvidos no âmbito político, podem impactar de forma negativa o Estado.

Mas a preocupação para Roraima, e que deve ser a bandeira dos deputados federais, é a exclusão das Áreas de Livre Comércio, bem como os benefícios fiscais concedidos pelos estados.

Um dos textos mantém os benefícios da Zona Franca de Manaus, enquanto o outro, conforme detalhou, determina a exclusão de todos os benefícios fiscais concedidos nas Unidades da Federação. Esse último, segundo Kardec Santos, é um golpe para a Lei nº 215/1998, que dispõe sobre incentivo fiscal para os empreendimentos da agroindústria.

“Sobre essa mudança, o secretário de Fazenda está discutindo em Brasília, mas quero deixar bem claro que a força dele é mínima diante das Unidades da Federação, principalmente os maiores PIB [Produto Interno Bruto], que não querem saber de Zona Franca, pelo contrário, querem extinguir. A força tem que sair dos nossos deputados federais e senadores, que têm de apresentar uma emenda separada. Essa preocupação é imediata porque há um encaminhamento para se aprovar essa emenda no fim de junho”, alertou.

Outro ponto preocupante é sobre a transição tanto para os governos quanto para os consumidores. “Temos que nos atentar para a repartição tributária do IBS [Imposto sobre Bens e Serviços]. Os municípios do Estado não têm quadro de auditor fiscal, não têm receita própria e dependem do repasse de 25% do ICMS e FPE [Fundo de Participação dos Estados]. Como vai ficar a situação desses municípios? Temos que ficar atentos para manter dentro do texto constitucional a questão do valor adicionado, que é o quanto eles produzem, para que não percam a arrecadação com base na arrecadação específica do IBS”, ressaltou.

Na prática, o IBS é uma cesta de cinco produtos. O estado que consumir o produto, terá uma participação proporcional ao consumo. O problema é que aquele que não tem um Fisco atuante, pode perder.

Fim da guerra fiscal

O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, disse que a distribuição do novo Fundo de Desenvolvimento Regional deve ficar clara já na proposta de emenda à Constituição. Ou seja, não pode ser deixada para lei complementar. O fundo teria o papel de compensar o fim da guerra fiscal, que permitia aos estados reduzir alíquotas de ICMS para atrair investimentos.

Solicitações dos governadores se baseiam na ideia de atenuar desequilíbrios de desenvolvimento em relação às regiões Sul e Sudeste – Foto: Jader Souza/SupCom/ALE-RR

A reforma tributária cria o Imposto sobre Bens e Serviços, unificando ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins com cobrança no local de consumo do produto ou serviço.

Governador do Mato Grosso, Mauro Mendes disse que a reforma deveria contemplar um crédito presumido de 5% para as indústrias que se instalarem nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Ele também reivindicou a permanência dos fundos locais de desenvolvimento.

Mendes também ressaltou que a reforma pode ter um impacto grande sobre pequenas indústrias. “Esse modelo de reforma que iguala todo mundo pode causar uma desindustrialização”, alertou.

Em relação ao comércio, o governador do Mato Grosso pediu que seja permitida uma alíquota para as empresas enquadradas no Simples de 3% nas transações dentro do estado e a padrão do IBS para as operações interestaduais.

O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, mostrou preocupação com as perdas do estado que, segundo ele, tem crescido 6% acima da inflação nos últimos 20 anos.

O deputado Aguinaldo Ribeiro disse que vai analisar as sugestões. “Algumas coisas nós já tínhamos pensado em colocar no relatório. Esse é o momento da construção, do exercício do diálogo, que vai nos permitir ter um texto que possa ser aprovado na Casa”.

Também participaram da reunião o governador de Rondônia, Marcos Rocha, e, por vídeo, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.

*Com informações da Agência Câmara de Notícias

https://oanalitico.com.br/politica/2023/06/11/reforma-tributaria-possiveis-impactos-financeiros-para-roraima-sao-debatidos-em-audiencia-publica-nesta-segunda/

https://oanalitico.com.br/economia/2023/05/30/precos-mais-atrativos-de-veiculos-do-mercado-amazonense-e-tema-de-debate-de-empresarios-com-comissao-da-ale-rr/

Por Redação

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