Chuva, floresta e esconderijos dificultam combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami

Chuva, floresta e esconderijos dificultam combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami
A Região Amazônica tem como característica ser muito úmida e quente. Em Roraima, os períodos chuvosos mais intensos são entre maio e agosto. Essa possibilidade de chuva intensa em diferentes horários do dia exige planejamento frequente e diário das Forças Armadas – Foto: Ueslei Marcelino/Folhapress

O clima úmido, a ausência de estradas e pistas de pouso e novas estratégias de garimpeiros têm dificultado o combate da extração ilegal de ouro no Território Yanomami, em Roraima.

As Forças Armadas atuam no combate ao garimpo ilegal de forma direta desde o começo deste ano, após a crise humanitária da população Yanomami ter vindo à tona.

De acordo com as Forças Armadas, Polícia Federal e Ibama, as ações conjuntas dos órgãos conseguiram expulsar boa parte dos garimpeiros ilegais que extraiam ouro em terras indígenas. Milhares saíram da região, chegando a atravessar a fronteira de Roraima com a Venezuela. Mas alguns continuam tentando localizar novos pontos de extração ilegal de ouro.

O balanço mais atualizado das Forças Armadas aponta que foram apreendidos R$ 30,9 milhões em equipamentos e ouro nas operações.

“Agora nessa fase final tem uma situação bem mais violenta e perigosa. Tem aquelas pessoas que resistem em sair do território, se escondem, e estão provocando conflitos. No início, quando anunciou que iria começar a retirada, muita gente saiu livremente. Outros saíram com as operações”, disse Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, em entrevista recente.

As dificuldades

Na base aérea do Exército, em Boa Vista, a reportagem conversou com militares que, diariamente, participam das operações contra os garimpeiros e levam estrutura para a vida dos povos indígenas da região.

Os agentes relataram três dificuldades principais:

1 – Clima: A Região Amazônica tem como característica ser muito úmida e quente. Em Roraima, os períodos chuvosos mais intensos são entre maio e agosto. Essa possibilidade de chuva intensa em diferentes horários do dia exige planejamento frequente e diário das Forças Armadas já que, para chegar às regiões, não há estrada nem rios possíveis de serem navegados. O avião é o meio de transporte.

2 – Distância: São grandes os deslocamentos para as regiões afetadas pelo garimpo. Por exemplo: a reportagem sobrevoou as regiões de Homoxi e Auaris saindo de Boa Vista, distantes cerca de 1h30. Segundo a FAB, a distância da capital para uma dessas regiões é aproximadamente o deslocamento de São Paulo e Rio de Janeiro.

3. Esconderijos: Muitos dos garimpeiros ilegais que teimam em continuar driblando as autoridades na região usam táticas para não serem pegos. Uma delas é extrair o ouro apenas na parte da noite por meio de equipamentos especiais e, ao ver um sinal da presença dos militares, usar a mata fechada como esconderijo. Segundo pilotos que participam das operações, os aviões que transportam garimpeiros e seus funcionários na região irregular chegam a desviar as rotas para o meio das nuvens, para sair do campo de visão das autoridades.

“A dificuldade é logística. Distâncias grandes e você tem poucas pistas operáveis. E a ausência de rios amplamente navegáveis e estradas”, destaca o brigadeiro José Augusto Peçanha, Chefe do Estado-Maior Conjunto.

“Dado que a gente conseguiu tirar a maior parte desses garimpeiros do território, você tem ali focos de resistência que agem justamente por meio de estratégias, como só trabalhar durante a noite, estratégias de enterrar maquinários, esconder-se na mata”, reforça Beatriz Matos, diretora do Departamento de Proteção Territorial de Povos Isolados e de Recente Contato do Ministério dos Povos Indígenas.

Longo prazo

Apesar das dificuldades, as ações continuam sem prazo definido para o término.

Nesta semana, a Polícia Federal realizou a oitava fase de uma operação contra financiadores de garimpo ilegal na Terra Yanomami. As investigações começaram com um suspeito que tentou embarcar com mais de cinco quilos de ouro no aeroporto de Boa Vista em 2019, com destino a Campinas, São Paulo.

As ações contaram com o reforço no efetivo do Exército, que deslocou 1.200 militares, 17 aeronaves, navio-patrulha fluvial e lanchas blindadas para a região. Além das ações de repressão, as autoridades distribuíram por meios aéreos 23.438 cestas básicas à população Yanomami.

O general Costa Neves, comandante das operações na área Yanomami, exaltou a ampliação de atribuições do Exército na região.

“Agora, em junho, esses mesmos órgãos acharam por bem que aportássemos um efetivo maior para compor essa força contra crime ambientais e delitos. Essa atribuição das Forças Armadas só foi colocada agora”, explicou.

Com informações do UOL

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Por Redação

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