‘Somos atacadas todos os dias’, diz Sonia Guajajara sobre troca ministerial que pode retirar mulheres do governo
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que as ministras do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são “atacadas todos os dias”, ao comentar o fato de elas poderem perder as pastas que comandam para que os espaços sejam entregues a homens. O governo articula uma troca ministerial em busca de maior apoio no Congresso e os ministérios ocupados por mulheres estão entre os mais cobiçados por novos apoiadores.
“É a primeira vez que nós temos o maior número de mulheres ministras na Esplanada dos Ministérios. E, por ser a primeira vez, nós somos atacadas todos os dias, quando querem tirar ainda de nós esse lugar e entregar para os homens. Mas, juntas, nós não vamos permitir”, disse Guajajara na terça-feira (15), durante a abertura da Marcha das Margaridas. A manifestação é realizada por mulheres trabalhadoras rurais do Brasil, desde 2000, em busca de direitos trabalhistas.
Ao assumir o terceiro mandato, Lula registrou uma participação feminina recorde na Esplanada dos Ministérios em relação a todo o período pós-redemocratização. Foram 11 ministras convocadas e confirmadas, duas a mais que o recorde anterior, de Dilma Rousseff (PT), que assumiu a Presidência, em 2011, com nove ministras.
Após pouco mais de cinco meses de governo, a primeira troca ministerial a partir de negociações com o Centrão foi de uma mulher. Daniela Carneiro, então ministra do Ministério do Turismo, deixou o cargo em 14 de julho e, no lugar, assumiu o deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA).
Filiada ao União Brasil, Daniela era considerada pelo partido como uma escolha pessoal de Lula. Como a então ministra recorreu à Justiça Eleitoral para deixar a legenda, o União passou a pressionar o Planalto, por mais de um mês, para trocá-la por Sabino. Lula, contudo, queria planejar uma “saída honrosa” da agora ex-ministra.
Ministérios e estatais podem sofrer mudanças
A reforma ministerial negociada por Lula mira, sobretudo, ampliar a participação do Centrão no governo, ao nomear deputados indicados por PP e Republicanos como ministros. Para o entorno do presidente, a federação PSDB-Cidadania também deveria ser contemplada – ou ao menos convidada – a participar do Executivo e integrar a base no Congresso.
Os nomes do Centrão já foram escolhidos: são André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). As pastas, entretanto, ainda são uma questão a ser resolvida pelo governo.
Confira os ministérios e estatais que podem ter mudanças:
Ministério da Saúde
Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome
Ministério dos Esportes
Ministério dos Direitos Humanos
Ministério de Portos e Aeroportos
Embratur
Funasa
Correios
Caixa Econômica Federal
Com informações do Estadão
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