Indígena morre no Hospital Geral quase quatro meses depois de ser baleado por garimpeiros na Terra Yanomami

Indígena morre no Hospital Geral quase quatro meses depois de ser baleado por garimpeiros na Terra Yanomami
Tiros atingiram a vítima no intestino, desencadeando uma infecção; Venâncio Xirixana morreu neste domingo no HGR – Foto: Secom

O indígena Venâncio Xirixana morreu neste domingo (20), no Hospital Geral de Roraima (HGR), quase quatro meses depois de ser baleado em um ataque de garimpeiros à Comunidade Uxiú, no Alto Mucajaí, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Os tiros atingiram a vítima no intestino, desencadeando uma infecção, segundo informações da Associação Indígena Ninam (Taner) e da Hutukara Associação Yanomami (HAY).

Segundo as entidades, a investida dos garimpeiros, ocorrida em 29 de abril, também resultou na morte do agente de saúde indígena Ilson Xirixana, que não resistiu após levar um tiro na cabeça. Uma terceira pessoa, cujo nome não foi divulgado, foi ferida por arma de fogo, mas sobreviveu.

As lideranças Yanomami reclamam a elucidação do caso e a responsabilização do grupo que organizou o ataque à comunidade.

“Não aguentamos mais ver o nosso sangue derramado dentro do nosso território por invasores, que além de roubarem as nossas riquezas, devastam, contaminam e nos matam. A dor do nosso povo é muito grande. Esse caso não pode ser esquecido, não pode ser só mais um. Queremos justiça! E mais uma vez reiteramos aos órgãos públicos a urgência da saída dos garimpeiros da nossa Terra-Floresta. Chega de mortes!”, apelam as entidades.

Histórico

No início deste mês, a HAY, a Associação Wanasseduume Ye’kwana (SEDUUME) e a Urihi Associação Yanomami lançaram, em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), o relatório Nós Ainda Estamos Sofrendo, que aponta que algumas medidas do poder público geraram resultados, mas que parte dos garimpeiros têm retornado ao Território Yanomami por via fluvial. Os invasores, relatam as lideranças, têm permanecido em pontos como Papiu, Parafuri, Xitei e Homoxi, próximos das aldeias e chegam em voos regulares de helicóptero.

Neste mês, completa 30 anos o episódio que ficou conhecido como Massacre de Haximu, o primeiro e único caso reconhecido pela Justiça brasileira como um crime de genocídio na história do país.

A chacina ocorreu em 1993, quando garimpeiros ilegais do Alto Orinoco descumpriram um acordo feito com os Yanomami que viviam em uma região montanhosa de fronteira entre o Brasil e a Venezuela. No dia 15 de junho, sete garimpeiros convidaram seis indígenas para caçar e executaram quatro deles durante o percurso.

Em retaliação, os Yanomami assassinaram um dos garimpeiros. Pouco mais de um mês se passou e, em 23 de julho, um grupo de garimpeiros invadiu a aldeia, onde estavam alguns Yanomami – a maioria, mulheres e crianças –, e mataram a tiros e golpes de facão 12 deles. As vítimas foram um homem, uma mulher, três adolescentes, duas idosas, quatro crianças e um bebê.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública disse, em nota, que lamenta profundamente a morte de Venâncio Xirixana e reitera o esforço e o compromisso para fortalecer a segurança no Território Indígena Yanomami, com o objetivo de impedir que novos confrontos aconteçam.

“Atualmente, 196 agentes da Força Nacional atuam em diversas áreas da TIY em Roraima, reforçando o efetivo de segurança e em apoio a outros órgãos federais, como Polícia Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis [Ibama] e Fundação dos Povos Indígenas [Funai]. O contingente empregado em cada área obedece ao planejamento do órgão apoiado”, destacou a pasta.

Prisão

No começo deste mês, a Polícia Federal prendeu, com apoio da Polícia Militar de Roraima, um dos suspeitos de atirar nos indígenas da Comunidade Uxiú. O mandado de prisão foi expedido pela 4ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Estado. O indivíduo estava foragido desde junho.

Com informações da Agência Brasil

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Por Redação

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