Em encontro com Lula, Maduro assume compromisso de retomar fornecimento de energia da Venezuela para Roraima

Em encontro com Lula, Maduro assume compromisso de retomar fornecimento de energia da Venezuela para Roraima
Maduro afirmou que a Venezuela está ‘preparada’ para reconstruir linhas de transmissão elétrica e afirmou contar com apoio de empresários brasileiros – Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert/PR

Em encontro com Lula (PT) nesta segunda-feira (29), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, assumiu o compromisso de reconstruir a cooperação elétrica com Roraima, suspensa nos primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro. Até o começo de 2019, a maior parte do atendimento aos consumidores roraimenses era feita por meio da transferência de energia do Linhão de Guri, que é a interconexão do complexo hidrelétrico de Guri-Macágua com a cidade de Boa Vista. O assunto vem sendo tratado pelo menos desde o início do atual governo.

“Nós queremos recuperar nossa relação energética com a Venezuela. A Hidrelétrica de Guri tem de ser colocada em funcionamento, porque não se justifica Roraima ser o único estado fora da matriz energética brasileira funcionando na base da termelétrica”, disse Lula.

O presidente acrescentou que os ministros de Energia brasileiro e venezuelano vão conversar sobre o tema. “Espero que o mais rápido possível, ele nos convoque, o Maduro e eu, para a reinauguração do Linhão de Guri”, acrescentou o petista.

Maduro afirmou que a Venezuela está “preparada” para reconstruir as linhas de transmissão elétrica e afirmou contar com o apoio dos empresários brasileiros.

“Conversamos com o presidente, e dissemos a ele que a Venezuela está preparada para reconstruir essa cooperação elétrica com Roraima, com toda a população fronteiriça. Temos uma oferta de 120 megawatts já pronta que habilita, a partir de um investimento básico de US$ 4 milhões ou US$ 5 milhões, a reconstruir as linhas de transmissão”, detalhou o presidente venezuelano.

De acordo com Maduro, caso haja recursos, a Venezuela vai estar pronta para conectar Guri ao Estado. “É um compromisso que eu assumo aqui, na sua frente, e conto com o apoio dos empresários brasileiros que queiram participar”, destacou.

Em conversa com a imprensa, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou a ideia, mas argumentou que ela ainda está em desenvolvimento.

“O planejamento segue firme no sentido de que Roraima possa estar interligado. E que isso venha fortalecer a necessidade de integração da América do Sul do ponto de vista energético. Essa decisão é lógica. Tendo viabilidade técnica, o levantamento começa desde então. A definição política está tomada. Existem passos técnicos e econômicos a serem tomados”, esclareceu o ministro.

Relações bilaterais

Segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores, Maduro e Lula falaram nas reuniões sobre avanços no processo de normalização das relações bilaterais, incluindo a reabertura das respectivas embaixadas e dos setores consulares e a designação do embaixador da Venezuela no Brasil, além das eleições venezuelanas a serem realizadas em 2024.

A imigração venezuelana para o Brasil e a proteção dos povos indígenas que moram nas fronteiras também foram assuntos que estiveram em negociação. “Atenção especial será atribuída aos temas fronteiriços, com destaque para a proteção das populações que residem nessa faixa, entre elas, o povo Yanomami”, destaca comunicado sobre a visita de Maduro.

Suspensão

Até o começo de 2019, a maior parte do atendimento aos consumidores locais era feita por meio da transferência de energia do Linhão de Guri, que é a interconexão do complexo hidrelétrico de Guri-Macágua com a cidade de Boa Vista. Essa foi a solução acordada em 2001 pelos então presidentes Fernando Henrique Cardoso e Hugo Chávez, já que Roraima é ainda o único Estado brasileiro que está fora do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Entretanto, nos primeiros meses de gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o fornecimento foi interrompido devido a uma série de apagões por falta de manutenção nas máquinas e a interrupção dos pagamentos por parte do Brasil devido ao embargo norte-americano à Venezuela.

Com o corte, Roraima passou a ser suprido por cinco usinas termelétricas a óleo diesel e gás natural, que, além de serem mais caras, são mais poluentes. Hoje, mais de 50% da energia do Estado é suprida pela Usina Termelétrica Jaguatirica II (140 MW), da Eneva. Sem gasodutos, é preciso fazer uma megaoperação envolvendo mais de 80 carretas que levam diariamente gás natural em tanques criogênicos do campo de Azulão, na Bacia do Amazonas, até a usina.

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Por Redação

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