Em encontro com Lula, Maduro assume compromisso de retomar fornecimento de energia da Venezuela para Roraima
Em encontro com Lula (PT) nesta segunda-feira (29), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, assumiu o compromisso de reconstruir a cooperação elétrica com Roraima, suspensa nos primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro. Até o começo de 2019, a maior parte do atendimento aos consumidores roraimenses era feita por meio da transferência de energia do Linhão de Guri, que é a interconexão do complexo hidrelétrico de Guri-Macágua com a cidade de Boa Vista. O assunto vem sendo tratado pelo menos desde o início do atual governo.
“Nós queremos recuperar nossa relação energética com a Venezuela. A Hidrelétrica de Guri tem de ser colocada em funcionamento, porque não se justifica Roraima ser o único estado fora da matriz energética brasileira funcionando na base da termelétrica”, disse Lula.
O presidente acrescentou que os ministros de Energia brasileiro e venezuelano vão conversar sobre o tema. “Espero que o mais rápido possível, ele nos convoque, o Maduro e eu, para a reinauguração do Linhão de Guri”, acrescentou o petista.
Maduro afirmou que a Venezuela está “preparada” para reconstruir as linhas de transmissão elétrica e afirmou contar com o apoio dos empresários brasileiros.
“Conversamos com o presidente, e dissemos a ele que a Venezuela está preparada para reconstruir essa cooperação elétrica com Roraima, com toda a população fronteiriça. Temos uma oferta de 120 megawatts já pronta que habilita, a partir de um investimento básico de US$ 4 milhões ou US$ 5 milhões, a reconstruir as linhas de transmissão”, detalhou o presidente venezuelano.
De acordo com Maduro, caso haja recursos, a Venezuela vai estar pronta para conectar Guri ao Estado. “É um compromisso que eu assumo aqui, na sua frente, e conto com o apoio dos empresários brasileiros que queiram participar”, destacou.
Em conversa com a imprensa, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou a ideia, mas argumentou que ela ainda está em desenvolvimento.
“O planejamento segue firme no sentido de que Roraima possa estar interligado. E que isso venha fortalecer a necessidade de integração da América do Sul do ponto de vista energético. Essa decisão é lógica. Tendo viabilidade técnica, o levantamento começa desde então. A definição política está tomada. Existem passos técnicos e econômicos a serem tomados”, esclareceu o ministro.
Relações bilaterais
Segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores, Maduro e Lula falaram nas reuniões sobre avanços no processo de normalização das relações bilaterais, incluindo a reabertura das respectivas embaixadas e dos setores consulares e a designação do embaixador da Venezuela no Brasil, além das eleições venezuelanas a serem realizadas em 2024.
A imigração venezuelana para o Brasil e a proteção dos povos indígenas que moram nas fronteiras também foram assuntos que estiveram em negociação. “Atenção especial será atribuída aos temas fronteiriços, com destaque para a proteção das populações que residem nessa faixa, entre elas, o povo Yanomami”, destaca comunicado sobre a visita de Maduro.
Suspensão
Até o começo de 2019, a maior parte do atendimento aos consumidores locais era feita por meio da transferência de energia do Linhão de Guri, que é a interconexão do complexo hidrelétrico de Guri-Macágua com a cidade de Boa Vista. Essa foi a solução acordada em 2001 pelos então presidentes Fernando Henrique Cardoso e Hugo Chávez, já que Roraima é ainda o único Estado brasileiro que está fora do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Entretanto, nos primeiros meses de gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o fornecimento foi interrompido devido a uma série de apagões por falta de manutenção nas máquinas e a interrupção dos pagamentos por parte do Brasil devido ao embargo norte-americano à Venezuela.
Com o corte, Roraima passou a ser suprido por cinco usinas termelétricas a óleo diesel e gás natural, que, além de serem mais caras, são mais poluentes. Hoje, mais de 50% da energia do Estado é suprida pela Usina Termelétrica Jaguatirica II (140 MW), da Eneva. Sem gasodutos, é preciso fazer uma megaoperação envolvendo mais de 80 carretas que levam diariamente gás natural em tanques criogênicos do campo de Azulão, na Bacia do Amazonas, até a usina.
https://oanalitico.com.br/economia/2023/05/22/governo-brasileiro-avalia-retomar-compra-de-energia-da-venezuela-para-abastecer-roraima/
https://oanalitico.com.br/cidades/2023/04/15/operador-nacional-do-sistema-de-energia-analisa-causa-do-apagao-em-roraima/
https://oanalitico.com.br/politica/2022/12/26/pl-aprovado-permite-que-governo-estadual-assuma-precatorios-de-energia-eletrica-da-caer/
https://oanalitico.com.br/cidades/2022/05/21/procon-boa-vista-alerta-sobre-queima-de-aparelhos-por-queda-de-energia/