CPI da Grilagem de Terras acompanha depoimentos de moradores da Vicinal ‘Zé Valdo’

CPI da Grilagem de Terras acompanha depoimentos de moradores da Vicinal ‘Zé Valdo’

Por um trecho acidentado e de difícil acesso, especialmente desafiador neste período chuvoso, os deputados que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Grilagem de Terras da Assembleia Legislativa de Roraima deslocaram-se até a Vicinal Zé Valdo, situada na Gleba Equador, no município de Rorainópolis, sul do Estado, neste sábado (3). O objetivo foi ouvir os relatos de mais de 100 famílias que enfrentam ameaças de expulsão devido a disputas fundiárias.

Os moradores denunciaram a atuação de um indivíduo identificado como Osmam, que alega ser proprietário de 300 hectares na região e tem promovido ações para remover os agricultores de suas terras.  Segundo relatos, ele teria o apoio de documentos irregulares e de servidores públicos, incluindo sua filha, ex-funcionária do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima).

O presidente da ALE-RR, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), destacou a gravidade da situação. “Estas pessoas relataram agressões e grilagens de terras. São ameaças reais contra quem produz e vive do campo, temendo perder suas propriedades.”

Durante a visita, o presidente do Iteraima, Ionilson Sampaio, anunciou que, nos próximos 90 dias, será iniciada uma força-tarefa para cancelar georreferenciamentos irregulares e emitir títulos definitivos aos agricultores da região.  “Algumas sobreposições já foram canceladas, e esperamos, em breve, entregar os títulos às famílias que ocupam essas áreas de boa-fé”, afirmou.

A presidente da Associação Agriequador, Adriana Cunha, que já depôs na CPI em março, emocionou-se ao recordar os momentos de tensão vividos. “Desde 2021, sofremos com sobreposição de terras. Hoje, com a presença dos deputados aqui, temos esperança de, em 90 dias, recebermos o tão sonhado título”, disse a agricultora que planta açaí e macaxeira no lote de 60 hectares.

O presidente da CPI, deputado Jorge Everton (União), classificou a reunião como produtiva e reafirmou o compromisso da comissão. “Estamos fazendo justiça social. A terra deve ser entregue ao verdadeiro proprietário. A CPI continuará, e ao final, vamos responsabilizar quem cometeu irregularidades na regularização fundiária.”

Instalada pelo Ato da Presidência nº 003/2025, a CPI da Grilagem de Terras foi motivada por denúncias encaminhadas pelo Ministério Público de Contas (MPC), que solicitou o afastamento da presidente do Iteraima, Dilma Lindalva Pereira da Costa, acusada de grilagem e favorecimento indevido na regularização fundiária da Gleba Baliza.

Por Redação

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