‘Empoderando Refugiadas’ capacita mulheres em RR com apoio de empresas engajadas na inclusão socioeconômica

‘Empoderando Refugiadas’ capacita mulheres em RR com apoio de empresas engajadas na inclusão socioeconômica
Com certificado em mãos, alunas do Empoderando Refugiadas comemoram início de uma nova etapa no Brasil – Foto: Manoela Bonaldo/Acnur

Para as mulheres que chegam ao Brasil, muitas vezes em situação de vulnerabilidade, um dos maiores desafios é encontrar maneiras de garantir seu sustento e de suas famílias. É nesse contexto que o projeto Empoderando Refugiadas, iniciativa da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), ONU Mulheres e Pacto Global da ONU no Brasil, promove empregabilidade e autonomia financeira a mulheres refugiadas e migrantes no país.

No encerramento de sua 8ª edição, a iniciativa trouxe representantes de quatro grandes empresas para uma visita à Operação Acolhida, em Roraima.

“Foi uma experiência de vida. Em oito anos, nunca vivi um momento de compreender tanto o que a empresa onde trabalho pode fazer, o impacto que podemos gerar”, afirma Fabíola Silvério, gerente de Sustentabilidade das Lojas Renner, empresa que apoia o Empoderando Refugiadas desde a primeira edição.

O grupo teve a oportunidade de visitar os espaços de abrigamento e alojamento, e pôde conhecer o trabalho de todas as agências e organizações envolvidas no amparo à chegada das pessoas venezuelanas refugiadas e migrantes na Operação Acolhida, além de ter trocas diretas com a comunidade.

Em Pacaraima, fronteira do Brasil com a Venezuela, representantes das empresas fizeram o trajeto semelhante ao de quem chega ao Brasil em busca de proteção, desde a busca por informações, registro inicial, checagem de saúde, posto de documentação e, por fim, alojamento ou abrigamento.

“Pude entender a complexidade de todas as etapas da jornada de uma pessoa refugiada e o impacto que nosso apoio pode gerar em cada uma delas. Sinto que temos agora a responsabilidade de levar o que vimos, todos os desafios e complexidades”, afirma Tatiana Konovaloff, especialista em Sustentabilidade da Riachuelo, empresa patrocinadora master da 8ª edição do projeto.

“Foi muita emoção. Senti muito carinho e cuidado na preparação dessa missão. Volto diferente do que vim, volto com sentimento de responsabilidade, e assumo aqui o compromisso de sermos multiplicadores”, afirma Laurent Delache, CEO da Foundever Brasil, que tem mais de 700 pessoas refugiadas e migrantes em seu quadro de funcionários.

“Eu já estava super comprometida com a causa, mas tinha apenas pedaços da história das venezuelanas que contratamos: o pedaço inicial, do porquê saíram da Venezuela, e o pedaço final. Eu não tinha o meio. Agora todas as peças se encaixam, todas as etapas até elas chegarem a nós. Me sinto muito responsável e consciente”, diz Vivian Broge, diretora de Recursos Humanos do Iguatemi.

Criado em 2015, o projeto Empoderando Refugiadas, por meio de parcerias firmadas com empresas de todo o país, fornece boas oportunidades com ações de interiorização e empregabilidade, a fim de promover a autonomia das participantes.

Mais um sonho alcançado

Ainda durante a visita das empresas, o Empoderando Refugiadas realizou a formatura da primeira turma da 8ª edição, em Boa Vista. Ao todo, 20 mulheres concluíram as 80 horas de capacitação profissional, voltada para atendimento ao cliente, vendas e desenvolvimento pessoal.

“Para mim, hoje, a formatura foi uma conquista que contribuiu muito para o meu desenvolvimento profissional e com as metas que eu ainda vou traçar aqui no Brasil. Nossa turma foi composta de mulheres muito distintas, mas todas compartilhamos o mesmo sonho e a mesma meta”, disse a formanda Dayana.

A capacitação é composta por módulos ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) focados no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, atendimento ao público, vendas, legislação brasileira, português para negócios e empreendedorismo.

‘Quero continuar crescendo e seguir estudando. Para mulheres na mesma situação que eu, digo que sigam suas metas’, afirma Dayana, formanda da 8ª turma do Empoderando Refugiadas – Foto: Manoela Bonaldo/Acnur

“A contratação de mulheres refugiadas e migrantes não apenas soma um potencial de diversidade e criatividade dentro dos ambientes laborais, como também fortalece a inclusão de mulheres, garantindo mais equidade de gênero entre postos de trabalho e impactos significativos na economia de suas famílias”, afirma Rebeca Bicudo, associada de Soluções Duradouras do Acnur em Boa Vista.

Ao todo, desde 2015, o Empoderando Refugiadas já formou 418 mulheres e contribuiu para a contratação de 252 pessoas refugiadas e migrantes no mercado de trabalho brasileiro.

“O Empoderando Refugiadas parte de uma perspectiva interseccional. Ou seja, sabe que não são todas as mulheres que vivenciam todas as dificuldades da mesma forma. Por isso, desde 2016 o projeto vai além das questões de gênero e de status migratório e de nacionalidade para olhar também a comunidade LGBTQIA+, as pessoas com deficiência, as mulheres com mais de 50 anos, entre outros grupos. Com isso, queremos garantir que ninguém seja deixado para trás”, completa Vanessa Sampaio, gerente de Empoderamento Econômico na ONU Mulheres.

“A formatura de mais uma turma do projeto Empoderando Refugiadas é um momento importante de celebração para o próximo passo de uma pessoa refugiada, que é a inclusão laboral e a possibilidade de construção de uma vida digna no país. E as empresas, por sua vez, têm a oportunidade de ter um ambiente de trabalho diverso e de contribuir para uma sociedade mais justa”, afirma Gabriela Rozman, gerente sênior de Conhecimento do Pacto Global da ONU.

A oitava edição do Empoderando Refugiadas conta com o apoio da Riachuelo, Primavera Sound e Lojas Renner, além dos parceiros AVSI Brasil, Fraternidade sem Fronteiras, Operação Acolhida e Senac Roraima.

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Por Redação

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