Ministro venezuelano diz que disputa por território com Guiana ‘não é uma guerra armada, por enquanto’
O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, disse nesta sexta-feira (24) que a disputa com a Guiana pelos quase 160 mil quilômetros quadrados localizados a oeste do rio Essequibo, sobre os quais será realizado um referendo em 3 de dezembro, “não é uma guerra armada, por enquanto”.
“Saiam para votar [no referendo]. Esta não é uma guerra armada, por enquanto, não é uma guerra armada”, destacou o ministro, que garantiu que os membros da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) estarão “permanentemente vigilantes” sobre “qualquer ação que ameace a integridade territorial”.
López alertou o presidente da Guiana, Irfaan Ali, que “apelar ao Comando Sul [dos Estados Unidos] para estabelecer uma base de operações” no território disputado não “resolverá esta questão”, mas sim um diálogo para chegar a “um acordo mutuamente satisfatório para ambas as partes”, como estabelece o Acordo de Genebra de 1966.
“É o caminho no qual vamos continuar insistindo (…) não é o caminho da Corte Internacional de Justiça [CIJ], que respeitamos, mas não reconhecemos sua jurisdição para lidar com estes assuntos territoriais e de grande transcendência”, afirmou López, que sustentou que a FANB continuará “no caminho da paz”.
Nesse sentido, ele comentou que em 3 de dezembro as Forças Armadas ativarão um plano para garantir a segurança dos venezuelanos que participarem do referendo, que propõe, entre outros pontos, a anexação do território disputado ao mapa nacional por meio da criação de um estado chamado Guayana Esequiba.
Nesta consulta, na opinião do ministro, o povo ratificará sua determinação em “acabar o mais rápido possível” com o conflito por este território rico em recursos naturais, que – ressaltou – pertence à Venezuela e “está sendo rudemente usurpado pela elite que governa a Guiana”.
O vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, disse nesta quinta-feira (23) que representantes do Departamento de Defesa dos Estados Unidos visitarão a Guiana na próxima semana, no âmbito da cooperação que Georgetown está explorando com os seus aliados, a fim de se preparar para qualquer eventualidade na disputa com a Venezuela.
A CIJ, que decidiu ter jurisdição sobre a questão, realizou na semana passada audiências com ambos os lados, nas quais a Guiana fez um apelo por medidas para “bloquear” o referendo.
‘Guerra no quintal do Brasil’
Na quarta-feira (22), o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, esteve em Caracas com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para falar do conflito dos venezuelanos com a Guiana.
O governo brasileiro vê com apreensão o risco de uma guerra “no quintal do Brasil” e a instabilidade que um conflito armado pode causar ao continente.
O Brasil defende uma solução negociada, sem conflito armado. O país tratou desse assunto em reunião nesta semana, no Itamaraty, com ministros de Relações Exteriores e Defesa da América do Sul.
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