PF faz operação contra comércio de mercúrio para abastecer garimpos em Roraima e outros 4 estados

PF faz operação contra comércio de mercúrio para abastecer garimpos em Roraima e outros 4 estados
crimes em apuração estão relacionados ao contrabando e acobertamento de mercúrio, que tem por destino o abastecimento de garimpos em áreas no Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Pará – Foto: Divulgação/PF

A Polícia Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deflagraram, nesta quarta-feira (8), a Operação Hermes (Hg) II, com o objetivo de apurar e reprimir crimes contra o meio ambiente, especialmente por meio do comércio e uso ilegal de mercúrio, organização e associação criminosa, receptação, contrabando, falsidade documental e lavagem de dinheiro no Amazonas, Mato Grosso, São Paulo e Rio de Janeiro.

Os crimes em apuração estão relacionados ao contrabando e acobertamento de mercúrio, que tem por destino o abastecimento de garimpos em áreas no Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Pará.

A Hermes (Hg) I, deflagrada em dezembro de 2022, foi a maior operação policial do país para desarticulação de uso ilegal de mercúrio e iniciou-se a partir da investigação de uma empresa com sede em Paulínia/SP, que utilizava criminosamente de suas atividades autorizadas para produzir créditos falsos de mercúrio em sistema do Ibama.

A partir da análise de milhares de fontes bases (documentos e dispositivos eletrônicos), durante mais de dez meses, a Polícia Federal identificou uma extensa cadeia organizada de pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema ilegal de comércio de mercúrio e ouro extraído de garimpos na Amazônia e retirou sete toneladas de créditos de mercúrio dos sistemas do Ibama.

A Operação Hermes (Hg) II visa aprofundar as investigações, buscando provas do funcionamento do esquema, do envolvimento dessas pessoas, especialmente os principais responsáveis pelo comércio e os respectivos compradores finais do mercúrio ilegal, além de identificar o patrimônio construído para ocultar a atividade ilícita e os ganhos oriundos dela.

A investigação apontou que as principais formas utilizadas pelos investigados para a movimentação de valores foram:

  • utilização de interpostas pessoas, como testas de ferro e laranjas, com o fim de ocultar o verdadeiro responsável pelas operações comerciais e financeiras ou mesmo o verdadeiro proprietário de bens, diretos e valores;
  • utilização de empresas de fachada (sem sede física, com uso de testa de ferro ou laranja);
  • mistura entre capital ilícito com eventual capital lícito gerado por empresas com atuação comercial, de modo a tornar mais difícil a separação de um e de outro pelas autoridades de fiscalização e repressão;
  • utilização de empresas sem registro de um funcionário sequer;
  • compra e venda de imóveis, com valorização artificial, para justificar a origem ilícita do dinheiro utilizado;
  • blindagem patrimonial, por meio de manobras jurídicas e engenharia financeira/contábil;
  • utilização ilegal dos sistemas do Ibama para dar aparente legalidade à circulação de quantidade exorbitante de mercúrio;
  • uso do Aeroporto Internacional de Viracopos para transporte de mercúrio.

Estão sendo cumpridos 34 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Primeira Vara Federal de Campinas, em cidades dos estados do Amazonas, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo.

Além das buscas, foi decretada pela Justiça a imposição de fianças de 200 salários mínimos e o sequestro e indisponibilidade de bens dos investigados em montante superior R$ 2,9 bilhões, com o objetivo de reparar os danos ambientais causados.

Ainda em curso, a operação engloba a fiscalização pelo Ibama com a possibilidade de aplicação de multas, suspensão de atividades e embargos de áreas de mineração, assim como a apuração de condutas de pessoas físicas e jurídicas envolvidas com a importação e comércio de mercúrio, recicladoras de resíduos e mineradoras de ouro. No total, 140 policiais federais e 30 servidores do Ibama participam da operação.

Os investigados responderão, na medida de suas condutas, pelos crimes ambientais e contra a administração ambiental, falsidade ideológica, uso de documento falso, contrabando, associação criminosa, receptação e perigo para a vida ou saúde de outrem, além de organização criminosa, usurpação de bens da União e ocultação de bens.

Todo o material probatório e bens apreendidos serão encaminhados para a Delegacia de Polícia Federal em Campinas para continuidade das análises.

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Por Redação

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