Prefeito de Rorainópolis renuncia em meio a denúncias de irregularidades e crise financeira
Leandro Pereira (SD), prefeito de Rorainópolis, Sul de Roraima, renunciou ao cargo nesta segunda-feira (2). Ele divulgou uma nota oficial justificando sua decisão e protocolou a carta de renúncia na Câmara Municipal. Reeleito em 2020, Pereira deixa a gestão do município sob suspeita de diversas irregularidades e constantes atrasos no pagamento de salários dos servidores.
“Comuniquei oficialmente ao presidente da Câmara minha renúncia. Foram quase sete anos à frente da gestão do município, que é o meu lar. Por circunstâncias de ordem privada e de caráter pessoal, me vejo na necessidade de antecipar o término do mandato, confiante na capacidade do vice-prefeito, Alessandro Daltro de Souza, de dar continuidade às políticas públicas iniciadas”, destacou Pereira na nota.
A posse do vice-prefeito está marcada para as 19h30 desta segunda-feira, na Câmara Municipal de Rorainópolis.
‘Abandono e descaso’
Em 22 de setembro, a Justiça deferiu um mandado de segurança de vereadores de Rorainópolis e determinou a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a folha de pagamento da educação.
Três dias antes, o deputado Jorge Everton (União) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) para criticar a atuação do prefeito Leandro Pereira na administração do município. O parlamentar afirmou que o gestor trata com abandono e descaso as políticas públicas e que essa postura tem prejudicado bastante a vida dos moradores da cidade.
“Entrei com representação no Ministério Público [MPRR] pedindo o afastamento imediato do prefeito Leandro e que os recursos sejam bloqueados para pagamento de servidores e prestadoras de serviços. Afinal, esse é o segundo maior município do Estado e era para ser modelo de desenvolvimento”, declarou o parlamentar na ocasião.
Desvio de recursos
Em julho, o MPRR firmou um termo de ajustamento de conduta (TAC) com o município de Rorainópolis para que a remuneração de todos os servidores públicos municipais, independentemente do vínculo, fosse regularizada.
No mesmo mês, Leandro Pereira e outras nove pessoas foram indiciados pela Polícia Federal por suspeita de desvio de quase R$ 4 milhões que deveriam ser usados no combate à pandemia de covid-19.
As investigações apontaram a ligação do prefeito com o secretário municipal de Saúde e o sócio-administrador da empresa beneficiada e uma possível organização criminosa para fraudar licitações.
De acordo com a PF, a Controladoria-Geral da União (CGU) analisou um processo licitatório para a aquisição de 250 mil unidades de equipamentos de proteção individual (EPIs) e insumos para o município de Rorainópolis, quando constatou que o valor de quase R$ 4 milhões a ser contratado foi fraudado entre o licitante e a empresa contratada.
Em junho, o Ministério Público de Contas (MPC) de Roraima fez diligências investigativas em Rorainópolis para analisar contratos de licitação na Secretaria Municipal de Educação.
A medida foi adotada após o recebimento de denúncias de possíveis irregularidades nos processos licitatórios.
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