Primeira-dama de Roraima é eleita conselheira do TCE; cargo vitalício tem salário de mais de R$ 35 mil

Primeira-dama de Roraima é eleita conselheira do TCE; cargo vitalício tem salário de mais de R$ 35 mil
Dos 24 deputados, 17 votaram na primeira-dama para cargo de conselheira do TCE – Foto: SupCom-ALE-RR/Marley Lima

A primeira-dama de Roraima, Simone Soares de Souza, foi eleita conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE) nesta segunda-feira (22) em sessão extraordinária da Assembleia Legislativa (ALE-RR). A votação foi secreta. Dos 24 deputados, 17 escolheram a mulher do governador, Antonio Denarium (PP). O parlamentar Jorge Everton (União) e o reitor da Universidade Estadual de Roraima (Uerr), Regys Freitas, receberam, respectivamente, quatro e três votos.

O deputado Coronel Chagas (PRTB), alegando “coerência”, desistiu de concorrer minutos antes do processo eleitoral. A advogada Maria da Glória de Souza Lima não teve nenhum voto.

“Sabemos que foi uma discussão longa, de muitas notícias, boas e com segundas intenções, e em momento algum a comissão deixou de cumprir o papel que estava previsto em edital”, afirmou o presidente da ALE-RR, Soldado Sampaio (Republicanos).

A ALE-RR promulgará o decreto legislativo com o nome da candidata eleita. Posteriormente, o governo do Estado chancela a decisão com a nomeação de Simone Soares em Diário Oficial Eletrônico. Por fim, o Tribunal de Contas a empossará em sessão solene.

“A gente precisa ter representatividade feminina em um local de decisão. Eu tenho certeza de que, com a minha capacidade e o currículo que apresentei, tudo isso foi levado em consideração por todos”, disse Simone Soares.

O cargo de conselheiro do TCE é vitalício e o salário mensal é de R$ 35.462,22.

Currículo

Simone Soares, de 49 anos, nasceu em Brasília. É formada em ciências contábeis pela Universidade Federal de Roraima (UFRR) e tem pós-graduação em audiência pública pela Faculdade Atual da Amazônia. Ela foi titular das secretarias estaduais Extraordinária de Desenvolvimento Humano e Social, Extraordinária de Promoção, Desenvolvimento e Inclusão Social e do Trabalho e Bem-Estar Social, chefe do Controle Interno da Casa Civil e presidente da Comissão Permanente de Licitação, na extinta Fundação de Educação Superior de Roraima (Fesur). É contadora efetiva da empresa Boa Vista Energia S/A.

Sabatina

Na quinta-feira (18), a Comissão Especial Externa da ALE-RR, criada para cumprir o rito processual para a escolha do novo conselheiro, definiu após sabatina que todos os candidatos estavam aptos à votação. Cada um deles teve 60 minutos para responder a questionamentos sobre conhecimentos jurídicos e contábeis, temas pertinentes ao cargo.

Dois dias antes, o deputado Jorge Everton, um dos concorrentes ao cargo, denunciou na ALE-RR uma suposta ingerência do governador para favorecer a primeira-dama na eleição para conselheiro do TCE.

Votação secreta ocorreu em sessão extraordinária nesta segunda-feira (22) – Foto: SupCom/ALE-RR-Marley Lima

Everton afirmou que, além do “nepotismo flagrante” da indicação, Simone não preenchia os requisitos legais para investidura do cargo, já que apresentou documentação comprobatória ilegal.

“Eu trouxe provas, o próprio Ministério Público também. Desde o recebimento de pagamento indevido, quando ela pediu exoneração da Setrabes [Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social] em 2006 e recebeu três salários. À época, foi notificada e não devolveu o dinheiro, passando pelo acúmulo indevido de cargos, usando isso como contagem de tempo. Além disso, trouxe informação falsa para esta Casa, apresentando certidão da Junta Comercial dos últimos cinco anos narrando que foi apenas sócia do governador, quando, na realidade, foi sócia-administradora, o que é proibido por lei a todos os servidores públicos”, garantiu.

Em sessão plenária no começo deste mês, o deputado relatou que membros da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) acompanharam de “maneira atípica” um evento organizado por ele na vicinal 11, em Rorainópolis, no Sul do Estado. De acordo com ele, tal conduta dos agentes públicos seria uma forma do governo do Estado intimidá-lo.

O adjunto da Sesp, Elian Wagner Oliveira de Souza, confirmou que, no fim de semana em que houve o evento promovido por Jorge Everton, uma equipe da Inteligência se deslocou a serviço para o município de Rorainópolis para atender a uma demanda do setor, bem como compareceu ao evento e interagiu com o grupo do parlamentar.

Durante oitiva ocorrida em 3 de maio na ALE-RR, Souza disse aos parlamentares que a “animosidade momentânea” do cenário político “pode ter levado a esse grande equívoco”. “Mas vamos investigar para resolver essa situação”, afirmou na ocasião.

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Por Redação

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