Rede de monitoramento vai avaliar presença de substâncias químicas na Terra Indígena Yanomami

Rede de monitoramento vai avaliar presença de substâncias químicas na Terra Indígena Yanomami
Resultados vão subsidiar medidas preventivas para comunidades locais e de mitigação dos danos ambientais – Foto: Ibama

O Ibama lançou neste mês o Projeto Rede de Monitoramento Ambiental na Terra Indígena Yanomami (TIY) e Alto Amazonas para avaliar a presença de substâncias químicas, incluindo mercúrio, nos rios da bacia Amazônica.

Os resultados vão subsidiar medidas preventivas para as comunidades locais e de mitigação dos danos ambientais. A proposta é saber a quantidade de produtos químicos que se encontram nos rios, peixes e população.

De acordo com a diretora substituta de Qualidade Ambiental (Diqua), Rosangela Muniz, o Projeto Rede de Monitoramento prevê 300 aldeias no Território Yanomami como pontos de coletas. Inicialmente, a partir desta segunda-feira (20), 50 bases em confluências de rios passarão a operar. Rosangela afirma que a consolidação da Rede se tornou uma realidade a partir da superação de desafios.

“A gente combate a poluição sem usar armas. Nossa arma é o conhecimento técnico, e este projeto começou a ser construído há vários meses. Superamos alguns obstáculos, como a logística, porque precisamos criar acessos aos territórios. Desafio de comunicação, para construirmos diálogos com as lideranças e para articularmos com outras instituições”, avalia a coordenadora-geral da Diqua.

Para o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, a iniciativa é o início de um trabalho importante, que pode ser compartilhado com a sociedade, dando oportunidade para que comunidades locais possam ser treinadas para realizar suas próprias análises químicas.

“Isso se chama ciência cidadã. Estamos discutindo a implementação do embrião de uma Rede de Monitoramento. Mas pela importância do tema mercúrio na Amazônia, vamos precisar ampliar essa iniciativa. A gente tem um nível de contaminação dos peixes que a gente não conhece. Essa Rede não é algo para o Ibama montar o seu próprio laboratório, não foi o que desenhamos. Vamos precisar do apoio de todas as instituições sérias, cada uma trabalhando com uma articulação”, declarou.

Para a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, é muito difícil avaliar, atualmente, o grau de contaminação das águas na Amazônia.

“Hoje não se tem uma real dimensão de quantos são afetados, mas sabemos que muitas comunidades têm diagnosticado a presença de mercúrio no corpo por causa do consumo da água. É importante compartilhar esta responsabilidade com demais instituições. Temos a oportunidade de dar uma resposta para a solução do problema e ao combate da prática do uso de contaminantes”, avaliou Wapichana.

Além do Ibama, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), estão envolvidos na iniciativa o Ministério dos Povos Indígenas e a Funai; o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai); e o Centro de Tecnologia Mineral, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (Cetem/MCTI).

O lançamento significa, na prática, a implementação da primeira etapa do projeto, abrangendo a coleta de amostras em Roraima e em unidades de conservação próximas à TI Yanomami.

Durante o evento, foi assinado o Termo de Adesão ao Projeto pelas instituições parceiras.

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Por Redação

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