Sobrinho de Telmário Mota se entrega à polícia em Boa Vista e nega participação em assassinato
Harrison Nei Correa Mota, conhecido como “Ney Mentira”, se entregou nesta quarta-feira (8) na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco), em Boa Vista. Ele é apontado como articulador do plano para matar Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos. A vítima tem uma filha com o ex-senador Telmário Mota, tio de Nei. O ex-parlamentar é investigado como mandante do crime.
Antônia foi executada com um tiro na cabeça três dias antes de prestar depoimento como testemunha em uma denúncia de estupro contra o político. No caso, que tramita no Judiciário, a filha dos dois diz que foi estuprada por ele em agosto do ano passado, quando saíram para comemorar o Dia dos Pais.
Ney Mentira estava foragido desde 30 de outubro, quando foi deflagrada a Operação Caçada Real. Na ocasião, os policiais tentaram cumprir mandados de prisão contra Telmário Mota, seu sobrinho e Leandro Luiz da Conceição, apontado como o atirador.
Considerado foragido, Telmário foi preso na noite de 30 de outubro em uma cidade de Goiás. Horas antes, a Polícia Civil prendeu, em Caracaraí, o atirador Leandro Luiz.
Ao chegar à delegacia acompanhado de um advogado, Ney Mentira disse a uma emissora de TV local que não estava se escondendo e negou ter envolvimento com o assassinato de Antônia. Ele afirmou ainda que não se apresentou antes porque não tinha um advogado, tendo sido “pego de surpresa” quando da decretação de sua prisão.
O sobrinho de Telmário disse ainda que apenas comprou a moto usada no crime e a entregou a Cleidiane Gomes da Costa, assessora do ex-senador, suspeita de passar informações sobre a rotina da vítima a Mota. Atualmente, ela está sendo monitorada por tornozeleira eletrônica.
Ney Mentira já responde por homicídio, furto qualificado, estelionato, roubo majorado, apropriação indébita, ameaça e formação de quadrilha.
Telmário Mota segue preso no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, em Goiás, e ainda não há decisão da Justiça sobre sua transferência para Roraima.
Morte de Antônia Araújo
No início da manhã de 29 de setembro, Antônia Araújo, servidora do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami e Yek’uana (Dsei-YY), desde 2017, foi morta com um tiro na cabeça quando saía de casa, no bairro Senador Hélio Campos, zona oeste de Boa Vista.
Antônia estava dentro de um carro com um parente quando dois homens em uma moto chegaram e atiraram. Ela morreu no local.
Acusação de estupro
Em agosto de 2022, a filha de Telmário Mota e Antônia Araújo, com 17 anos na época, registrou um boletim de ocorrência contra o pai.
A garota afirmou que ele a assediou, tocou em suas partes íntimas e tentou arrancar as roupas dela, no Dia dos Pais, depois de ter sido forçada a entrar em um carro e tomar bebidas alcoólicas.
Na época, Telmário negou as acusações e afirmou se tratar de perseguição política.
Em 19 de outubro, Mota chegou a gravar um vídeo em que comentava rumores da operação de que ele seria alvo. Ele nega qualquer envolvimento com a morte de Antônia e alega perseguição política.
“Se querem colocar no meu colo o crime da Antônia, uma senhora com que tive uma relação há mais de 18 anos, isso não vai acontecer. Eu não matei a Antônia, não mandei matar, não sei quem matou e não sei se alguém mandou matar. Cabe à polícia descobrir. A nossa Polícia Civil tem excelente quadro humano, porém está desaparelhada”, disse, acrescentando que não iria “aceitar essa tragédia” na vida dele.
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