Unicef debate escuta especializada de vítimas de violência com representantes dos 15 municípios de Roraima

Unicef debate escuta especializada de vítimas de violência com representantes dos 15 municípios de Roraima
Lei da Escuta Protegida visa possibilitar que depoimentos de crianças e adolescentes vítimas e testemunhas de violência sejam realizados com apoio de equipe técnica capacitada – Foto: Eduardo Andrade/SupCom/ALE-RR

Representantes dos 15 municípios de Roraima participaram nesta terça-feira (4) da palestra “Acolher e Proteger”, promovida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com a Visão Mundial, instituição que organiza e implementa o Selo Unicef. Um dos temas discutidos foi a implantação efetiva da Lei da Escuta Protegida (Lei 13.431/2017) para crianças e adolescentes vítimas de violência. O objetivo é dar um tratamento humanizado e não revitimizá-las ao fazê-las rememorar fatos que trazem sofrimento.

O encontro contou ainda com representantes dos Conselhos Tutelares, Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e do Programa de Defesa dos Direitos Humanos (PDDH) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).

“Antes que qualquer outro órgão se fizesse presente, a Assembleia Legislativa abraçou a causa na defesa da mulher, no combate ao tráfico de pessoas e na defesa das crianças e adolescentes”, afirmou a diretora do PDDH, Socorro Santos.

Ela aproveitou a ocasião para destacar que mais uma vez a ALE-RR tratará do tema da criança e do adolescente, mas para incluir no orçamento do Estado. “Em 22 de agosto, vamos realizar, em parceria com o Tribunal de Contas do Estado [TCE], um seminário que vai abordar a primeira infância, discutir política pública, porque lugar de criança é no orçamento”, enfatizou.

O coordenador da Área de Proteção da Unicef, Luís Bittencourt, explicou que a palestra faz parte da atividade que visa proteger crianças e adolescentes contra a violência.

“Hoje, vamos falar com os municípios sobre a Lei 13.431/2017, Lei da Escuta Protegida, sendo nosso grande objetivo apresentar ações que os municípios desenvolverão na implementação dessa importante norma, que vai definir o que são as violências contra crianças e adolescentes e os mecanismos de acolhida e proteção para elas”, explicou, ao ressaltar que algumas ações os municípios já estão desenvolvendo, como as diferentes campanhas de prevenção contra a violência.

Outra ação é o incentivo ao uso do Sipia (Sistema de Informação para a Infância e Adolescência), que trata do registro e tratamento de informações sobre a garantia e defesa dos direitos fundamentais preconizados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por parte dos conselheiros tutelares dos municípios, a fim de integralizar os dados.

“Queremos que os municípios criem fluxos únicos de atendimentos nos serviços e encaminhamentos de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência, além da criação de comitês gestores da Escuta Protegida envolvendo a pasta de ação social, saúde, educação e segurança pública. Todas as áreas que atendem diariamente crianças e adolescentes”, detalhou.

Encontro contou com representantes dos Conselhos Tutelares, Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e do Programa de Defesa dos Direitos Humanos (PDDH) da Assembleia Legislativa de Roraima – Foto: Eduardo Andrade/SupCom/ALE-RR

A secretária adjunta de Educação do município de Uiramutã, Adriana Araújo, avalia que as ações em prol da proteção das crianças e adolescentes têm avançado e surtido efeitos.

“Estamos em outro momento no Uiramutã, onde as políticas públicas estão sendo bem intensificadas nas secretarias de Educação, Saúde e Assistência Social, que trabalham juntas para combater essa situação. Antes, eram muito tímidas as denúncias. Hoje não, por conta das políticas públicas e muitas palestras, esse bloqueio, essa timidez está acabando. A população sabe a importância de denunciar e não ficar escondendo ou omitindo violência contra crianças e adolescentes”, afirmou Adriana.

Lei da Escuta Protegida

A lei visa possibilitar que os depoimentos de crianças e adolescentes vítimas e testemunhas de violência sejam realizados com o apoio de uma equipe técnica capacitada, com todo o cuidado possível, evitando-se ao máximo o contato com o agressor e a reiteração do depoimento.

A escuta qualificada acontecerá por meio de entrevista, com apoio de órgãos especializados da saúde, assistência social ou segurança pública. O projeto também prevê que um profissional devidamente qualificado participe da conversa, para registro dos fatos narrados e análise sociopsicológica da vítima e do contexto familiar, assim como da capacidade protetiva dos responsáveis.

Além da escuta, o projeto prevê que a tomada de depoimento judicial seja realizada com uma linguagem apropriada à criança, protegendo-a da revitimização. Esses depoimentos serão gravados para impedir a repetição, mas a ideia é que ele também sirva para evitar a possibilidade de alterações no depoimento, o que pode livrar os culpados, como tantas vezes acontece. Pessoas próximas ao agressor ou o próprio agressor podem pressionar a vítima a mudar o depoimento.

Com informações da Assembleia Legislativa

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Por Redação

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